segunda-feira, 22 de outubro de 2012

As Sombras


“Todos temos momentos do passado em que a dor emocional foi demais para suportar, então, nós a reprimimos na escuridão da sombra. Essa é uma parte inevitável da vida. Podemos correr, mas não temos como nos esconder. A sombra está sempre ligada a algum acontecimento traumático ou a uma combinação de momentos dolorosos.” Deepak Chopra


Não entender porquês na nossa ou na vida de alguém faz com que pensemos ou julguemos muito do que não sabemos.
Rotulamos as pessoas, somos injustos e até cruéis, pois não sabemos do que estamos falando. Entendo que o primeiro passo para ajudar alguém ou a nós mesmos, sejam as raízes.
É preciso vê-las; seu início, seu meio e pra onde elas estão indo.
Se são rasas, profundas, extremamente profundas;
Se estão nítidas ou escondidas;
Posso tocá-las ou não.
Esses dias, meu esposo faltou a dois compromissos familiares que entristeceu a muitas pessoas. Datas especiais, como casamento de sua única irmã e aniversário de 18 anos do nosso único filho, em duas recaídas aterrorizantes e seguidas. Mal me refiz da primeira e logo veio a segunda.
Já havia percebido um nível de ansiedade maior quando existia algum compromisso, mas desta vez, tive a certeza de que há algo lá no seu passado que o faz sempre se esconder, deixar de participar, falhar, faltar, se ausentar. Como se o compromisso o assustasse, aumentasse sua necessidade de buscar as drogas.
Muitas coisas passaram em minha mente, tive conceitos e preconceitos, o julguei, rotulei, fiquei brava, fui egoísta. Falei do que não sabia.
Pra mim era chamar atenção para ele mesmo. Disse a ele isso, que fazia de propósito para que as pessoas sentissem sua falta, que queria ser o centro das atenções e mais, muito mais.
Mas não era nada disso. Sua história diz muito mais que apenas o que “eu” achava que era.
São suas dores. Traumas. As sombras.
Algumas pessoas têm mais dificuldades para lidar com as dores e traumas, no entanto, todas precisam aprender a lidar com elas.
Somos a soma de emoções e acontecimentos ao longo de toda a vida, mas como lidamos com as situações dolorosas (ou não) é que nos diferenciam um dos outros.
Meu esposo é uma dessas pessoas que ainda não aprenderam a encarar suas sombras como bênçãos de crescimento e libertação. Para ele, dor, sofrimento, alguma situação nova, alegria extrema, responsabilidade, são assustadores, são emoções que causam medo, e esse medo gera fuga, negação.
Estamos, agora, caminhando para esse novo ciclo de amadurecimento entre nós, que é uma conversa franca sobre cada sentimento a respeito do passado e do presente. Sobre cada situação que ele tem enfrentado e como se sente ao passar por elas. São diálogos muitas vezes dolorosos, que trazem à memória tudo outra vez, e sei, que até a sensação física da dor é real nesses casos. Mexer nas feridas ainda abertas doem...doem mesmo.
Mas é necessário e urgente.
Temos que enfrentar a sombra, pois é desse enfrentamento que surgirá a libertação e não haverá mais culpa sobre os pais, esposas, professores, colegas de sala, relacionamentos que não deram certo.
Voltar onde tudo começou dentro de nós, entender como nasceram em nós as sombras, fará com as portas se abram, que flua uma nova vida, haverá entendimento de que elas foram necessárias para reconhecermos a luz.
Achei importante partilhar essa nova fase da minha vida como co-dependente porque muitas vezes errei, pensando e falando de coisas desconhecidas para mim. Situações que não passei, emoções que não senti, e isso me fez cruel com meu esposo muitas vezes. Se tivesse parado para perguntar, ouvir e  conhecer a história por detrás da doença dele, de tudo que ele viveu antes de se tornar um dependente químico, teria sido mais tolerante, ajudaria mais em sua recuperação.
Ainda estamos começando com tudo isso, mas já vejo resultados.
Estamos em dias de paz total, e quando tocamos nesses assuntos não há mais discussões. Preparamos um tempo para falar e ouvir um ao outro, pois o fato de eu não usar nenhum tipo de drogas, não me faz isenta das “sombras”. Meu marido precisa de mim, mas eu necessito dele. É uma parte minha, da minha vida, da minha história. Casados, somos um, com uma aliança em Deus que é infinita, por isso precisamos aprender que cada um é importante, e juntos, somos mais fortes.
Mais uma vez, que Deus nos ajude a viver e a deixar viver;
Nos ajude a ajudar e nos dê a força da qual precisamos para continuar.


Tu, Senhor, és minha lâmpada;
O Senhor derrama luz nas minhas trevas.”2 Samuel 22:29

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O Presente é meu!

"17H35Min...
Dia :16 de Outubro, no ano de 1994.
Ele nasceu! Som de música! Alegria!
Nada pode ser mais maravilhoso e lindo na vida da gente do que receber um presente desses.
E ele nem foi planejado, veio três anos antes do tempo que programamos ( na verdade veio no tempo certo de Deus!).
Cheio de carisma, cheio de dons, cheio de talentos.
E foi crescendo e se tornando muito especial, e Deus revelando seu propósito com as nossas vidas, mostrando para quê existimos.
Eu aprendendo mais uma vez o que é AMOR, mas dessa vez tinha que ser aquele que todo mundo fala sabe, o tal do incondicional, que tudo suporta, tudo crê, tudo espera...
Uau! Ele é lindo, pra mim perfeito!Puro amor!
Enfrentamos tudo juntos, somos amigos. 18 anos de cumplicidade.( Poxa! 18 anos!!!)
Temos horas de conversa que são valiosíssimos, somos mais que Mãe e Filho: Somos o propósito de Deus se cumprindo aqui na terra.
Esse é o João, que tem o nome que significa O Abençoado de Deus, que tem o nome do discípulo mais amado de Jesus, que tem o nome do evangelista, que tem o nome que escolhi e sempre desejei;
que tem os valores que consegui ensinar, que ama, que cuida, que é obediente, que é de Deus e que Deus me deu de presente!
Som de música sai de seus dedinhos...dedos...dedões...rsrsrsrsr
Som de música saem da sua boca!
Sons de música sai do seu coração.
Continua nos alegrando, João e sobretudo, alegrando o coração de Deus, porque você é a herança que Ele
me deu."
Parabéns pra você João!
Esta data é mais que querida, é amada, é divina!
Obrigado João, porque você é muito mais que apenas um filho, é a manifestação do amor que Deus tem por mim. Presente. Bênção. Música. Partilha. Ajuda. Companhia.AMOR!
                                               













E vos alegrareis perante o SENHOR vosso Deus, vós, e vossos filhos, e vossas filhas, e os vossos servos, e as vossas servas, e o levita que está dentro das vossas portas; Deuteronômio 12:12



FELIZ ANIVERSÁRIO DE 18 ANOS LEVITA!

BEIJOS DA MAMÃE E DO PADRASTINHO rsrsrsrsrsrs!




sexta-feira, 12 de outubro de 2012

As coisas mudaram


Sempre soube, ou, sempre acreditei, que um dia as coisas iriam mudar.
Não sabia como. Nem quando. Apenas sabia.
Vivi situações repetitivas e estressantes com a doença do meu marido. Perdi muitas coisas e pessoas. Renunciei a muitas outras.
Fiz escolhas que doeram no profundo da alma e outras que alegraram-me sobremaneira.
As vezes dava passos  sem saber onde iria dar, apenas obedecia a Deus, então, não poderia dar em lugar errado.
Mas quando andamos por obediência, embora seja o melhor a fazer, não significa que seja fácil, muito ao contrário.
Tive que enfrentar a pior das pessoas: eu mesma.
Mudar conceitos, rever atitudes, formar novos pensamentos e aniquilar os antigos e rotineiros, formar uma equipe dentro de casa. Não dava mais para andar sozinha. Sem chance de comandar ...
Uma das coisas mais maravilhosas que aprendi nessa caminhada, é a conquista da confiança entre nós.
Mesmo que seja doloroso ouvir a verdade, sempre é o melhor.
As mentiras que fazem parte da vida de um adicto, as manipulações para conquistar o que se deseja e o egoísmo latente e peculiar que acompanham o dependente químico foi sendo neutralizado para dar lugar ao diálogo. Andamos uma milha a mais um com o outro, e se precisar, vamos andar duas!
Tenho aprendido o que significa "sermos um".
Hoje, sem medo de errar, eu ligo pro meu marido durante o dia e pergunto como ele está, se está na abstinência, precisando de alguma coisa, e que eu estou para ajudar (se ele quiser, é claro!).
Passei a parar pra ouvir mais suas histórias de infância, seus medos, rejeições, inseguranças, sonhos para o futuro.
Chamo de "pontes".
Pontes para chegar ao outro lado da doença. Um lado que poucos conhecem e que menos ainda desejam conhecer.
O lado do início, lá onde tudo começou e porquê começou.
O lado escuro da alma que todo o ser humano tem, mas que alguns não conseguem lidar, então, arrumam muletas para poder continuar.
A muleta do meu marido foi a droga. Quando ele está sem ela, parece difícil caminhar, por isso trocamos a muleta pela ponte.
A ponte que se chama amor, é a soma de várias pontes juntas: do diálogo, da tolerância, da cumplicidade, da confiança, da segurança, da fidelidade, da aliança, do zelo, do carinho, do valor, das orações e várias outras.
Sei que muito conquistamos, mas que muito mais ainda temos por receber. A estrada é longa, a jornada parece não ter fim, mas o que me faz feliz, isso sim, vale a pena.
Meu amor me faz feliz, minha família me faz feliz.
Me vejo nas borboletas, porque elas lembram mudanças, transformação.
A vida delas não se restringe a como nascem, mas elas precisam se transformar para voar, para conquistar novas coisas e lugares.
Assim estou eu, transformando, mudando muitas coisas dentro e fora de mim, para poder viver as novidades que vem por aí.
Crie muitas pontes em seu relacionamento e convide as borboletas a enfeitarem-nas!
Paz!
                                                                                                         
Katia Usier




                                      " HÁ MUROS QUE SÓ A PACIÊNCIA DERRUBA.
                                            HÁ PONTES QUE SÓ O AMOR CONSTRÓI".
                                                             (CORA CORALINA)