sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Parar?

Chega um tempo em que o cansaço é tão grande, por tantas lutas, tantas repetições, que a única vontade é a de parar tudo.Não é mesmo assim?
Ser esposa de um adicto é assim. E para quem não tem um também é. Porque a vida é assim.
Viver requer esforço. Acada dia somos testadas, avaliadas. O dia a dia é composto de inúmeras tarefas físicas e emocionais e ao final dele, a exaustão é inevitável.
Parar sempre parece a melhor resposta.
Mas, aqueles que param não provam o sabor das vitórias, das conquistas, do crescimento a que são merecedoras pelo cumprimento das tarefas, das provas à que foram submetidas.
Que mérito há em desistir?
Quando fui pela primeira vez em uma sala pra recuperação de co-dependentes, pensei que jamais voltaria lá.
Meu cansaço era tanto, que minha mente já não processa mais algo do tipo "esperança", de "dias melhores".
Via meu marido ir e vir de internações e tratamentos para sua adicção, que me comparava a ele.
Pensava: Bem,  lá vou eu novamente.
Até que, um dia, algo despertou em mim a vontade de não mais desistir, custasse o preço que fosse, eu iria continuar desta vez. Avançar, sem parar. Cansada ou não, comecei a fixar meus pensamentos na perseverança.
Quem saberia dizer, se não era desta vez que tudo daria certo? Que eu realmente iria progredir na recuperação?
Eu precisava tentar ao menos. E assim fiz.
Não foi fácil, como nada é. Precisei ser mais forte que minha vontade de estagnar, de não sair de casa, de dormir, de continuar naquela "zona de conforto enganosa".
Passo a passo, dia a dia, fui vendo meu progresso e do meu esposo também. Nosso relacionamento melhorando, nossas finanças entrando no eixo, as tarefas de casa sendo cumpridas, e o que é melhor, nossa saúde sendo restabelecida. Saúde emocional, saúde física, vida social, profissional...
Estávamos ganhando uma nova chance de viver. Me agarrei sem pestanejar.
Hoje, continuo em recuperação, mas a vida também continua fluindo: Faço reuniões para mulheres como eu, informando da necessidade de se buscar ajuda, prevenindo contra a doença da co-dependência, estimulando o tratamento para elas, encaminhando para grupos de auto-ajuda, orando junto com elas, dando o apoio ao qual necessitam; continuo meu curso em Serviço Social e o Projeto De Mãos Dadas,(www.facebook.com/demaosdadasvencendoacodependencia) já está atuante por aqui, focado nas famílias que possuem adictos em seu convívio, oferecendo apoio e ajuda necessária para que saiam do risco à que estão submetidas enquanto não são esclarecidas sobre a gravidade da doença. Meu esposo administra muito bem seu trabalho, tem conquistado coisas em sua vida que jamais conquistara. Tudo isso, se deve ao nosso "continuar".
Por isso, minha mensagem é: Não Pare! Não Desista!
Há algo mais maravilhoso pra se viver!
Serenidade à Todas!
                                                       Kátia Usier