sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Uma das coisas mais difíceis num relacionamento adicto é a solidão.
Algumas pessoas dizem que somos viúvas de marido vivo, outras que é casamento de uma pessoa só, que casamos sozinhas, etc...
Mas tudo isso não alcança o que realmente sentimos quando estamos vivendo a situação.
Desde que conheço meu marido e tenho conhecido esse universo da dependência química, aprendi muitas coisas com relação a relacionamento. Mas a que me salta mais aos olhos, é a ausência de cuidados que sofremos por parte da maioria das pessoas, entre familiares, conhecidos e outros mais.
As situações repetitivas da nossa vida afasta as pessoas, ou até mesmo nós escolhemos nos afastar.
Entendo que os pais já podem estar exaustos da luta, bem antes que as esposas, eles já estavam nessa batalha, e talvez sintam que agora é tempo de descansar um pouco. É compreensível e plausível. Penso que até é necessário, para que haja crescimento. O que quero dizer é que as companheiras, esposas, mães que sofrem com tudo isso necessitam se sentir amadas, queridas e honradas por tanto sofrimento.
tenho outras amigas que têm o mesmo problema com seus maridos e vejo a falta que sentem de poder contar com alguém de seus familiares ou dos seus esposos, mas isso raramente acontece.
Para isso contamos com a ajuda de grupos de auto ajuda, terapias comunitárias e programas municipais ou do governo, ou com parceiras que ao longo da caminhada vamos conhecendo.
E isso é maravilhoso! Mas como seria infinitamente melhor e fortalecedor se pudéssemos contar com nossos familiares ( e os dele também!), para somarmos força e ficar mais leve o fardo e mais esperançoso o caminho!
Eu me senti e me sinto muitas vezes sozinha com tudo isso. Seria muito bom ter alguém que faça parte da nossa família com quem a gente pudesse apenas conversar, sem ser julgada, apenas acalentada.
Vemos que muito se fala em recuperação e que muito do seu sucesso inicia com a participação da família, mas com os co-dependentes, pode ser que não seja bem assim. O personagem principal é o adicto, nós, os coadjuvantes. Mas vale aqui dizer, que muitas das recuperações se dão por causa de esposas que pagam o preço, abdicam de muitas coisas para ajudar seus esposos, assim como muitas mães e pais, ou até verdadeiros amigos!

O que quero enfatizar aqui, é o valor de se ter com quem contar nessas horas de muitas necessidades, emocionais, físicas e até materiais e que cada um de nós pode dar um pouco de alento para o outro, dando de presente a nossa visita, o nosso abraço, o nosso carinho e amor.




Os meus amigos e os meus companheiros estão ao longe da minha chaga; e os meus parentes se põem à distância. Salmo 38:11



Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus.Romanos 15:5