domingo, 16 de agosto de 2015

Voltando aqui depois de algum tempo....
Fiquei lendo e relendo muitas das minhas palavras que descreviam aquilo que estava passando naquele momento e fui me emocionando ao ver o quanto as nossas palavras saem carregadas de emoções e sentimentos reais...tão reais...
As nossas mãos são instrumento de transferência do que está em nosso coração, em nossa mente, na nossa alma.
Que coisa!
Vivi dias de muita alegria e outros de muita luta e dor, mas percebi que alegria e a esperança depositada nAquele [Jesus} que sempre está comigo [e com você!] me sustentou todos os dias.
Com estou hoje?
Ahhh...sim! Bem. Estou bem.
Segui em frente. Estudei, prestei concurso, passei, assumi meu cargo, estou nele, vivendo, aprendendo;
conhecendo novas pessoas, fazendo laços novos de amizade, de companheirismo, de amor;
cuidando mais de mim, em todos os aspectos, construindo minha nova história, escrevendo meu livro, que já já vai sair!
Viajando, passeando, me alegrando e sempre, sempre, servindo e cumprindo o propósito de Deus.
E o marido? Como vai?
Vai a cada dia mais pra mais longe de mim, da família, de Deus e mais perto da sua droga favorita.
Infelizmente...tristemente eu escrevo essa frase, mas, com muita convicção e muita tranquilidade de que cumpri minha missão, meu papel de esposa, ajudadora, intercessora [ ora, continuo exercendo,porque ele me deixou,mas eu não o deixei].
Ele escolheu a droga, a rua, a vida sem limites, desenfreada, decadente...
Somos resultado das nossas escolhas, não é?!
Escolhamos portanto [ Como Maria escolheu adorar a Deus, Lucas 10:38-42] a boa parte, que é tudo o que levaremos desta vida quando partirmos: O Amor.
Pretendo continuar passando aqui pra escrever mais, pois isso é alegria para mim, embora meu tempo esteja bem escasso, mas vou me esforçar.
Que cada um possa escolher o que mais o faz feliz e  descubra  a boa parte :)




terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A Vítima Que Eu Não Sou

Não sou vítima da minha escolha, sou responsável por ela, por ter que passar por suas consequências.
Por causa dela, sou tentada a crescer todos os dias, manejar bem os instrumentos que Deus me dá para vencer um dia de cada vez.
Se ficar inerte às consequências, perco tempo vendo os dias, anos, momentos, pensamentos, oportunidades passarem e nem os toco, muito menos os pego.
Mesmo que hajam dias de pura solidão, sem ter ou sem querer, alguém para conversar e dividir as angústias, medos, tristezas, decepções, confusões;
Mesmo que me pareça tão óbvio o capítulo seguinte, é preciso crescer!
Não sou vítima da minha atual circunstância, do meu adicto, da minha codependência, do meu humor, da minha condição.
Sou mulher, esposa, mãe, pessoa.
Tenho sonhos e causas, tenho vontades e peculiaridades.
Não sou vítima, arrastando a vida entre trancos e barrancos, desistindo aqui e ali, com semblante de quem apenas sofre e nada mais tem a oferecer, a viver, a encantar(se)...
A droga que usa meu adicto e que meu adicto usa não me usa, porque eu não a uso.
O álcool que dissolve quase tudo na vida do meu alcoolista, não pode dissolver minhas emoções, nem meu querer, meu pensar, meu crescer, meu agir, minha fé,  o Meu Deus.
Eu não sou vítima deles nem delas, nem de ninguém.
Fiz uma escolha e escolhi amar.
Só posso colher frutos de amor, seja próprio, seja incondicional, seja ao próximo.

                                                                                                            Kátia Usier



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Parar?

Chega um tempo em que o cansaço é tão grande, por tantas lutas, tantas repetições, que a única vontade é a de parar tudo.Não é mesmo assim?
Ser esposa de um adicto é assim. E para quem não tem um também é. Porque a vida é assim.
Viver requer esforço. Acada dia somos testadas, avaliadas. O dia a dia é composto de inúmeras tarefas físicas e emocionais e ao final dele, a exaustão é inevitável.
Parar sempre parece a melhor resposta.
Mas, aqueles que param não provam o sabor das vitórias, das conquistas, do crescimento a que são merecedoras pelo cumprimento das tarefas, das provas à que foram submetidas.
Que mérito há em desistir?
Quando fui pela primeira vez em uma sala pra recuperação de co-dependentes, pensei que jamais voltaria lá.
Meu cansaço era tanto, que minha mente já não processa mais algo do tipo "esperança", de "dias melhores".
Via meu marido ir e vir de internações e tratamentos para sua adicção, que me comparava a ele.
Pensava: Bem,  lá vou eu novamente.
Até que, um dia, algo despertou em mim a vontade de não mais desistir, custasse o preço que fosse, eu iria continuar desta vez. Avançar, sem parar. Cansada ou não, comecei a fixar meus pensamentos na perseverança.
Quem saberia dizer, se não era desta vez que tudo daria certo? Que eu realmente iria progredir na recuperação?
Eu precisava tentar ao menos. E assim fiz.
Não foi fácil, como nada é. Precisei ser mais forte que minha vontade de estagnar, de não sair de casa, de dormir, de continuar naquela "zona de conforto enganosa".
Passo a passo, dia a dia, fui vendo meu progresso e do meu esposo também. Nosso relacionamento melhorando, nossas finanças entrando no eixo, as tarefas de casa sendo cumpridas, e o que é melhor, nossa saúde sendo restabelecida. Saúde emocional, saúde física, vida social, profissional...
Estávamos ganhando uma nova chance de viver. Me agarrei sem pestanejar.
Hoje, continuo em recuperação, mas a vida também continua fluindo: Faço reuniões para mulheres como eu, informando da necessidade de se buscar ajuda, prevenindo contra a doença da co-dependência, estimulando o tratamento para elas, encaminhando para grupos de auto-ajuda, orando junto com elas, dando o apoio ao qual necessitam; continuo meu curso em Serviço Social e o Projeto De Mãos Dadas,(www.facebook.com/demaosdadasvencendoacodependencia) já está atuante por aqui, focado nas famílias que possuem adictos em seu convívio, oferecendo apoio e ajuda necessária para que saiam do risco à que estão submetidas enquanto não são esclarecidas sobre a gravidade da doença. Meu esposo administra muito bem seu trabalho, tem conquistado coisas em sua vida que jamais conquistara. Tudo isso, se deve ao nosso "continuar".
Por isso, minha mensagem é: Não Pare! Não Desista!
Há algo mais maravilhoso pra se viver!
Serenidade à Todas!
                                                       Kátia Usier




 


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

É Preciso Entender



"Durante anos tentei fazer com que meu adicto parasse de usar drogas, e isso realmente aconteceu, por algum tempo.
 Mas, o grande fato, é que não era isso exatamente que "ele" queria, mas o que eu queria. Portanto, o sucesso realmente foi temporário." (Eu Mesma)

Gostamos de ter as coisa sob nosso controle. Enquanto damos as ordens e estas são obedecidas, parece que tudo vai bem. Tudo está do nosso jeito, conforme nossa expectativa. Mas quando somos contrariados ou confrontados, nossa doença meio que adormecida, ressurge com força total, desajustando,desequilibrando, maltratando a gente.
De uma nova perspectiva, vamos caminhando e observando que já éramos doentes no passado, e que apenas foi despertada novamente. Se fizermos uma retrospectiva das nossas vidas, veremos o quanto desta doença chamada "co-dependência" já era manifesta em nós quando vivíamos com nossos pais, amigos de escola, de brincadeiras etc... Apenas não nos dávamos conta. Mas agora, adultas, recebemos o presente de Deus, de termos um Dependente Químico entre nós, e a doença é desperta novamente.
Então, o ciclo do "controlador", do "salvador", é iniciado novamente. Seremos consumidos, nossa mente vai ser minada, nosso físico detonado. Usaremos toda nossa energia para controlar a vida e os comportamentos dele, para pensar, pensar, pensar...
Pensar no que fazer, no que falar, como fazer, como falar, e na maioria das vezes não vamos usar nada do que nossa mente adoecida maquinou: Perda de Energia!
Sentiremos muito cansaço e muita insatisfação e num círculo vicioso, deixamos de viver a nossa vida.
Não nos cuidamos, não dormimos direito, não temos vida social, não rimos mais, apenas lamentamos nossa sorte. Estamos doentes. Precisamos de ajuda. 
Mas levantar e sair desta zona de conforto para dar o primeiro passo para a nossa recuperação talvez seja o mais dificil de todos os outros passos que, sem dúvida, teremos que dar, se é que desejamos nos recuperar.
É preciso entender que, somente nós mesmas, tem que ser na primeira pessoa, "Eu" mesma, posso e sou responsável por isso. Tenho uma doença e quero me curar. 
É preciso entender que se tem que começar, que comece por mim.
Entenda que é preciso mudar a nós mesmas e assim veremos as mudanças no outro, nos lugares, nas coisas.
Paz e Serenidade para todas nós!
Um Beijo,
                                                                                       Katia Usier.


"Admito que sou impotente diante de pessoas, lugares, coisas e da doença da dependência química.
 Admito que minha vida se tornou incontrolável por conta disso.
 Admito minha total impotência diante do meu adicto e praticarei o desapego com amor."

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O Meu Amor Por Mim Mesma

É segunda-feira! Dia mundial de iniciar alguma coisa rsrsrs
De começar uma dieta, entrar para uma academia, começar uma campanha de oração, a leitura de um livro e muitas outras coisas.
Estamos sempre deixando pra segunda feira o início de algum projeto que tenhamos vontade de fazer, então, porquê não aproveitar? Podemos iniciar nossa manhã com o compromisso de mudar o tipo de sentimento que temos por nós mesmas.Trocar os maus pensamentos pelos bons, os velhos hábitos por novos, até o estilo da roupa, do nosso cabelo, das cores do esmalte, o par de brincos que há tempos não colocamos ou não tiramos, uma ajeitada aqui outra ali.
Parecem coisas pequenas e simples demais, mas eu garanto, pode confiar, que um deles vai despertar em nós coisas maiores, uma sensação de bem estar de alegria que vale a pena experimentar.
Começar pelas coisas aparentemente sem importância é um grande passo para alcançar outras mudanças que sejam necessárias para nós, porque a vida de uma codependente é extremamente repetitiva. Meu foco está em o quê meu adicto está fazendo ou fará, para onde ele vai, quando e como, se ele fez ou não fez, se já chegou, se está cumprindo suas obrigações, suas responsabilidades e tudo o mais que se refere a vida "dele" e não a minha. Ser como eu, esposa de dependente químico, é ter duas vidas para cuidar, a dele e a minha, mas sempre escolho a dele, e isso me torna omissa comigo mesma.
Mas posso mudar se desejo mudar.
Neste final de semana fizemos nossa reunião do grupo em um lugar aberto. Escolhemos o Bosque da Princesa, que é um ponto turístico da nossa cidade, e o objetivo, além das partilhas e oração, foi o de sairmos de nossas casas e termos um momento de relaxamento, de estar em contato com a natureza, fizemos um piquenique, comemoramos o aniversário de uma das irmãs e nos alegramos muito, muito mesmo. Tivemos testemunhos grandiosos de milagres em cada vida, de como estamos progredindo,saindo das ostras, estamos tomando nossa forma de "pérolas" !(Visite e curta a página: https://www.facebook.com/demaosdadasvencendoacodependencia junte-se a nós e acompanhe nossa caminhada!)
Mas o Hoje é que nos interessa! Vamos continuar, mesmo que passo a passo. Mesmo que pareça lento ou curto demais, não vamos parar. A nossa meta é "Um Maneira de Viver que Vale a Pena", um amor por n´os mesmas que de tão contagiante, gere esperança aos outros que nos vejam.
Sei que podemos conquistar muito mais se não desistirmos.
Meu adicto?Ahh, ele ainda pode escolher assim como eu escolhi e oro para que sua escolha seja um tratamento, internação, programa no NA, ou qualquer mudança que lhe traga de volta a vida verdadeira, sem as ilusões das drogas. Mas Hoje,o meu amor por mim me faz viver e deixar viver!

sábado, 5 de outubro de 2013

Estigmas Sociais na Co-dependência

A definição grega para "Estigma" é : sinais corporais que evidenciavam alguma coisa extraordinária ou mau sobre o status moral daquele que os apresentava.
Eu, defino como marcas que nos levam a sentir-nos diferentes dos outros, positiva ou negativamente, por professarmos um estilo de vida que não confira a que a maioria, dentro de um espaço geográfico, denomina correto.
A aceitação ou não de uma pessoa é determinada por outra, onde conceitos pessoais são postos ou impostos.
Então, quero falar de nós, as mulheres que amam os dependentes que tem em sua vida, maridos, filhos, amigos e afins...
Uma das fases mais difíceis de se passar quando nos descobrimos envolvidas de qualquer forma no mundo das drogas, mesmo não sendo usuárias, é a fase de como vou me comportar diante dos estigmas que elas nos impõem. 
Ainda me lembro o quanto foi cruel e triste para mim ser estigmatizada pela minha "escolha" em amar meu marido, e fazer dele meu marido.
Muito parecido à preconceito, os estigmas são de alguma forma mais profundos, pois levam à generalização.
Quando meu marido usa drogas e seu comportamento inadequado o faz cometer coisas desagradáveis, a sociedade nos olha, como se também fôssemos usuárias, e é deste estigma que quero falar e enfatizar o quanto devemos lutar para nos livrar dela.
Quando somos tratadas desta maneira, algo em nós faz crescer a sensação de repúdio a esta mesma sociedade e não é este o caminho para o nosso crescimento enquanto pessoas que estão querendo se tornar melhores seres humanos.
A luta de uma esposa, mãe, ou seja qual for o vínculo, de um dependente químico, é contra uma doença que é crônica, progressiva e fatal,  e isso nos torna mulheres  guerreiras, como nunca se viu. Temos dentro das nossas casas, uma vida que corre perigo a todo instante, risco de morte a cada momento, de prisão, de derrota. E jamais podem se esquecer, que "nossos pacientes", são muitas vezes nossos filhos, maridos, filhas, pais, e que eles morrerão ou irão para u,ma prisão ou instituição, caso esta doença não seja detida.
Passar por esses momentos sendo apontadas como culpadas, covardes, fracassadas, doentes, responsáveis pelos comportamentos deles, insultadas, desmerecidas, não desejadas, torna a luta ainda mais cruel.
Chegamos a desejar o isolamento, pois parece ser a resposta mais fácil para se livrar dos estigmas, sem arrastá-los por aí, como um grilhão, pesado demais, que nos impede de caminhar.
Fazer outras pessoas a terem conceitos diferentes e perceberem o quanto é prejudicial estigmatizar outras pessoas, é tarefa complexa, pois elas realmente acreditam que somos o que suas mentes já determinaram que somos, e que fazemos parte do mundo das drogas, tendo dentro de nossas casas, famílias, nosso amado dependente químico. Resta-nos então, duas opções:
- Concordo com meus estigmatizadores e me isolo em seus conceitos, paraliso, deixo de contribuir, sofro;
- entendo que sou muito importante para a recuperação do "meu paciente" em sua luta contra a adicção e trabalho minha liberdade destes estigmas.
Escolhi a segunda opção. E isso não significa que algumas atitudes não me firam, magoem, mas que é necessário que eu aprenda a passar por elas, para que eu cresça, me fortaleça, tenha algo a mais para oferecer às outras pessoas que surgirão em minha vida.
Acreditar que as atitudes são o maior exemplo que posso dar como contribuição para uma vida melhor, faz com que olhares não me machuquem tanto, dedos apontados já não mais acertem o alvo, o segurança me seguindo dentro dos supermercados não me farão desistir das compras, o irmão da igreja (um tanto conservador rsrsr) que não me cumprimenta mais não é mais responsável pela minha ida ou não às reuniões e assim por diante.
Minha atitude em relação aos estigmas é não atentar para ele como meu guia social. Eu sou um ser humano, onde algumas escolhas pude fazer e outras não, mas me aperfeiçoar para prosseguir sempre será melhor que estacionar.
O livro azul dos Narcóticos Anônimos, diz que, adictos não escolheram ser adictos, mas podem escolher se recuperarem, que não são os responsáveis pela doença, mas o são pela  própria recuperação e isso deve ser para nós também, mulheres que lutam para serem felizes, plenas, mesmo que o restante da sociedade não nos entenda. 
Somos responsáveis pelo nosso bem estar, pela nossa alegria em servir e ser importante parte na recuperação dos que estão à nossa volta, sejam eles quem forem, para nós, mesmo não tendo escolhido ter um filho adicto, podemos escolher ajudá-lo em sua recuperação.
eu escolhi meu marido adicto, venho passando pelos estigmas, mas as únicas marcas que quero que elas me deixem, são as de que houve progresso na cura e nos tornamos sempre melhores hoje do que fomos ontem.
Compartilhe com outras mulheres como nós que há maneiras de viver, melhores, sem estigmas, incentive, libere palavras de ânimo, de alegria.
Vamos nos agrupar, desfazer algumas das idéias trazidas em nossa cultura que nos tornam vulneráveis à desistência.. Vamos caminhar rumo à recuperação! Vamos mostrar através das nossas atitudes em amor que há vida além das drogas e que somos todos merecedores de amor, de respeito, de olhares confiantes...somos mulheres nobres, com uma causa nobre.
Eu creio que há uma nova história sendo escrita por nós e que será deixada como um legado às demais gerações que virão. 
Que Deus nos ajude a amar mais, apesar das diferenças sem precisar estigmatizar ninguém, apenas amar!

Abraços e Paz, muita paz para todas!



"Se livrar dos estigmas faz parte do tratamento de cura, da mesma maneira que, deixar de estigmatizar faz parte do processo de se tornar um ser humano melhor."
Katia Usier

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Mudar as Regras Pode Ser Bom

O desenho falou sobre a primeira família que habitou na terra, onde o pai era daqueles que não aceitava mudanças. A fala rotineira era: "Sempre tenha medo, pois ele nos mantém vivos."
A mãe não disse nada até mais da metade do filme, o filho só fazia bobagens, a caçula era raivosa, avó era odiada pelo pai, como toda historia com sogras, e a filha mais velha...
Ahh! então, ela não aguentava mais viver todos os dias da mesma maneira, ouvindo seu pai falar sobre o medo,  ordenando que se mantivessem da mesma forma, fazendo tudo igual, seguindo as mesmas regras. Regras essas que já não estavam mais dando resultados positivos. Era primata, a terra estava por sofrer a sua primeira destruição, aquela da era dos dinossauros, onde meteoros caíram e fizeram enormes crateras, destruindo tudo. Era preciso sair em busca de um lugar mais seguro que a "caverna" onde estavam até agora, mas e o medo? Sair da escuridão da caverna era ter que ir para o sol, para a luz, para o amanhã.Desconhecido. Temido.
Bem, no decorrer desta história, surge outro personagem, oposto aos demais, cuja família estava morta, e a ultima frase que ouviu de seus pais foi: "Nunca se esconda".
Isso fez toda a diferença na sua vida.
Ele escolheu então viver de forma que seguisse para frente, para o amanhã, mesmo que estivesse meio longe, meio desconhecido. Ele escolheu ter e executar idéias, viver mudanças,mesmo que fossem por um dia. Escolheu tentar. Foi para o Sol, para a claridade. E seguindo seus passos, até chegar o final da história, todos os daquela família, começaram a mudar de atitudes, tentar coisas novas, mudar as regras, já que as antigas já não estavam mais funcionando e desta maneira, por último, o pai resolveu ceder e mudar também. Demorou um pouco mais que os outros, dado á sua teimosia, mas valeu a pena no final. Conquistaram um lugar muito melhor para viver, escaparam da catástrofe, a família cresceu, se agrupou, melhorou, e o medo diminuiu; deu lugar às novidades.
Essa pode ser neste momento a minha, a nossa história.
O medo paralisa. Faz com que continuemos presas à escuridão. É preciso mudar de regras.
Com meu marido dependente de drogas e minha vida de co-dependente, algumas coisas pararam de funcionar. Gritar não resolve, então vou parar de gritar.
Boicotar a fala também não tem mais efeito, então vou falar se for preciso;
Deixar de fazer coisas, de sair, trabalhar, estudar, ser útil, não o faz parar de usar drogas, e nem o faz mudar de comportamento, vou viver a vida e deixá-lo viver, desapegar com amor, deixá-lo arcar com consequências que ele mesmo procurou por causa desse comportamento inadequado.
Vou mudar as regras por aqui, sair da escuridão que me prende e buscar o amanhã ensolarado.
Insistir que é preciso cuidar da doença, se tratar, buscar ajuda, mas se não quiser, não posso viver a sua escolha.
Nesta história de dependência química, não tem lugar para regras que não funcionam.
Na nossa história de ajudadoras, não há espaço para o medo, pois uma coisa que não podemos ficar é paralisadas, e o medo nos paralisa.
Primeiro mudo meus pensamentos, com minha mente aberta às mudanças, trago à boca falas, palavras de vitória, de esperança, que logo, se materializam em atitudes novas, que resultarão em  dias novos.
Tentar pode ser um caminho que nos tire desta escuridão e nos proporcione dias de sol...