terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A Vítima Que Eu Não Sou

Não sou vítima da minha escolha, sou responsável por ela, por ter que passar por suas consequências.
Por causa dela, sou tentada a crescer todos os dias, manejar bem os instrumentos que Deus me dá para vencer um dia de cada vez.
Se ficar inerte às consequências, perco tempo vendo os dias, anos, momentos, pensamentos, oportunidades passarem e nem os toco, muito menos os pego.
Mesmo que hajam dias de pura solidão, sem ter ou sem querer, alguém para conversar e dividir as angústias, medos, tristezas, decepções, confusões;
Mesmo que me pareça tão óbvio o capítulo seguinte, é preciso crescer!
Não sou vítima da minha atual circunstância, do meu adicto, da minha codependência, do meu humor, da minha condição.
Sou mulher, esposa, mãe, pessoa.
Tenho sonhos e causas, tenho vontades e peculiaridades.
Não sou vítima, arrastando a vida entre trancos e barrancos, desistindo aqui e ali, com semblante de quem apenas sofre e nada mais tem a oferecer, a viver, a encantar(se)...
A droga que usa meu adicto e que meu adicto usa não me usa, porque eu não a uso.
O álcool que dissolve quase tudo na vida do meu alcoolista, não pode dissolver minhas emoções, nem meu querer, meu pensar, meu crescer, meu agir, minha fé,  o Meu Deus.
Eu não sou vítima deles nem delas, nem de ninguém.
Fiz uma escolha e escolhi amar.
Só posso colher frutos de amor, seja próprio, seja incondicional, seja ao próximo.

                                                                                                            Kátia Usier



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Parar?

Chega um tempo em que o cansaço é tão grande, por tantas lutas, tantas repetições, que a única vontade é a de parar tudo.Não é mesmo assim?
Ser esposa de um adicto é assim. E para quem não tem um também é. Porque a vida é assim.
Viver requer esforço. Acada dia somos testadas, avaliadas. O dia a dia é composto de inúmeras tarefas físicas e emocionais e ao final dele, a exaustão é inevitável.
Parar sempre parece a melhor resposta.
Mas, aqueles que param não provam o sabor das vitórias, das conquistas, do crescimento a que são merecedoras pelo cumprimento das tarefas, das provas à que foram submetidas.
Que mérito há em desistir?
Quando fui pela primeira vez em uma sala pra recuperação de co-dependentes, pensei que jamais voltaria lá.
Meu cansaço era tanto, que minha mente já não processa mais algo do tipo "esperança", de "dias melhores".
Via meu marido ir e vir de internações e tratamentos para sua adicção, que me comparava a ele.
Pensava: Bem,  lá vou eu novamente.
Até que, um dia, algo despertou em mim a vontade de não mais desistir, custasse o preço que fosse, eu iria continuar desta vez. Avançar, sem parar. Cansada ou não, comecei a fixar meus pensamentos na perseverança.
Quem saberia dizer, se não era desta vez que tudo daria certo? Que eu realmente iria progredir na recuperação?
Eu precisava tentar ao menos. E assim fiz.
Não foi fácil, como nada é. Precisei ser mais forte que minha vontade de estagnar, de não sair de casa, de dormir, de continuar naquela "zona de conforto enganosa".
Passo a passo, dia a dia, fui vendo meu progresso e do meu esposo também. Nosso relacionamento melhorando, nossas finanças entrando no eixo, as tarefas de casa sendo cumpridas, e o que é melhor, nossa saúde sendo restabelecida. Saúde emocional, saúde física, vida social, profissional...
Estávamos ganhando uma nova chance de viver. Me agarrei sem pestanejar.
Hoje, continuo em recuperação, mas a vida também continua fluindo: Faço reuniões para mulheres como eu, informando da necessidade de se buscar ajuda, prevenindo contra a doença da co-dependência, estimulando o tratamento para elas, encaminhando para grupos de auto-ajuda, orando junto com elas, dando o apoio ao qual necessitam; continuo meu curso em Serviço Social e o Projeto De Mãos Dadas,(www.facebook.com/demaosdadasvencendoacodependencia) já está atuante por aqui, focado nas famílias que possuem adictos em seu convívio, oferecendo apoio e ajuda necessária para que saiam do risco à que estão submetidas enquanto não são esclarecidas sobre a gravidade da doença. Meu esposo administra muito bem seu trabalho, tem conquistado coisas em sua vida que jamais conquistara. Tudo isso, se deve ao nosso "continuar".
Por isso, minha mensagem é: Não Pare! Não Desista!
Há algo mais maravilhoso pra se viver!
Serenidade à Todas!
                                                       Kátia Usier




 


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

É Preciso Entender



"Durante anos tentei fazer com que meu adicto parasse de usar drogas, e isso realmente aconteceu, por algum tempo.
 Mas, o grande fato, é que não era isso exatamente que "ele" queria, mas o que eu queria. Portanto, o sucesso realmente foi temporário." (Eu Mesma)

Gostamos de ter as coisa sob nosso controle. Enquanto damos as ordens e estas são obedecidas, parece que tudo vai bem. Tudo está do nosso jeito, conforme nossa expectativa. Mas quando somos contrariados ou confrontados, nossa doença meio que adormecida, ressurge com força total, desajustando,desequilibrando, maltratando a gente.
De uma nova perspectiva, vamos caminhando e observando que já éramos doentes no passado, e que apenas foi despertada novamente. Se fizermos uma retrospectiva das nossas vidas, veremos o quanto desta doença chamada "co-dependência" já era manifesta em nós quando vivíamos com nossos pais, amigos de escola, de brincadeiras etc... Apenas não nos dávamos conta. Mas agora, adultas, recebemos o presente de Deus, de termos um Dependente Químico entre nós, e a doença é desperta novamente.
Então, o ciclo do "controlador", do "salvador", é iniciado novamente. Seremos consumidos, nossa mente vai ser minada, nosso físico detonado. Usaremos toda nossa energia para controlar a vida e os comportamentos dele, para pensar, pensar, pensar...
Pensar no que fazer, no que falar, como fazer, como falar, e na maioria das vezes não vamos usar nada do que nossa mente adoecida maquinou: Perda de Energia!
Sentiremos muito cansaço e muita insatisfação e num círculo vicioso, deixamos de viver a nossa vida.
Não nos cuidamos, não dormimos direito, não temos vida social, não rimos mais, apenas lamentamos nossa sorte. Estamos doentes. Precisamos de ajuda. 
Mas levantar e sair desta zona de conforto para dar o primeiro passo para a nossa recuperação talvez seja o mais dificil de todos os outros passos que, sem dúvida, teremos que dar, se é que desejamos nos recuperar.
É preciso entender que, somente nós mesmas, tem que ser na primeira pessoa, "Eu" mesma, posso e sou responsável por isso. Tenho uma doença e quero me curar. 
É preciso entender que se tem que começar, que comece por mim.
Entenda que é preciso mudar a nós mesmas e assim veremos as mudanças no outro, nos lugares, nas coisas.
Paz e Serenidade para todas nós!
Um Beijo,
                                                                                       Katia Usier.


"Admito que sou impotente diante de pessoas, lugares, coisas e da doença da dependência química.
 Admito que minha vida se tornou incontrolável por conta disso.
 Admito minha total impotência diante do meu adicto e praticarei o desapego com amor."